quinta-feira, 25 de junho de 2009


Eu não havia contado nada, por informação verbal minha. Não soube do nó na garganta e da minha temporária inabilidade para desatá-lo. Não soube que o meu coração estava carente de sensações intensas, embora o rosto sorrisse de vez em quando, só os olhos amorosos são capazes das leituras que transcendem a aparência. Aí se passaram alguns dias e eu fui presenteada com uma surpresa daquelas inestimáveis: aparentemente do nada, justo naquele dia, ele me manda uma música que traduzia, com perfeição inacreditável, o que eu estava sentindo.

Eu ri ao ouvir, e senti uma ternura toda grata. Tanto faz se estou triste ou alegre, o meu coração não resiste ao charme da nítida sintonia que existe entre algumas vidas. O amor tem isso de maravilhoso, além de outras tantas doações: essa mágica capacidade de comunicação, que é mais ágil, mais eficaz, sobretudo mais linda, do que qualquer outro tipo de mídia pode conseguir. A comunicação mais efetiva acontece em outra faixa de freqüência. Coisa rara e bonita é a gente poder se comunicar por meio da alma, sem que palavra alguma necessariamente aconteça. Entre todos os recursos fabulosos que o ser humano possui, a capacidade da escuta sutil é um dos mais surpreendentes. Podemos passar longas temporadas da vida sem sequer sabermos que ela existe, mas o amor não demora a vir nos contar...

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segunda-feira, 22 de junho de 2009

Mais de ontem...


Não sei se reparou que íamos trocando o copo de vinho. Bebíamos sem ordem, os dois copos não tinham dono. Argumentava que ninguém sabe traduzir por palavras de forma clara e profunda aquilo que cada um quer o que procura. É muito mais fácil listar o que não se quer. O que se quer sente-se. O que não se quer é muito mais fácil de identificar, fruto de vivências e experiências que não queremos mais passar. Ainda bem que és bem resolvido, sabe o que quer, luta por isso, por aquilo, é seguro e tranquilo. Sabe assim? Diferente de tudo que eu tenho vivido.


Perdi o sono e comecei a escrever este texto longe, mas tão perto de você. E começei a entender que quero a tua tranqüilidade, os teus abraços que quase me afogam, quero saber que há sempre um chocolate guardadinho pra mim. Quero deixar recados escondidos em baixo da almofada, dividir um pôr do sol. Quero que vc seja a primeira pessoa que eu vejo quando acordo e última que eu beijo antes de dormir.

Quero a tua presença constante, o teu cuidado e respeito. Quero beijos, mil beijos, quero que cozinhes para mim, que me faças surpresas. Quero ouvir tuas histórias , conhecer o teu mundo, trazer muito mais novidades. Quero que todo o resto se torne relativo, quero poder fazer birras e depois gastar todos óleos de massagens. Quero dizer que você é o mais lindo. Quero que me faças rir, falar pelos cotovelos, quero ler seus livros e ver filmes no teu colo que é só meu. Quero poder chorar sempre nos teus braços, quero sempre a verdade, o carinho, e o teu astral. Quero manter este sorriso idiota na cara. E quero mais de ontem...

Cara limpa.


... as pessoas falam coisas, e por trás do que falam há o que sentem, e por trás do que sentem há o que são e nem sempre se mostra.

Mas...

Não pode haver em mim nem maquiagem, nem dissimulação, e jamais se percebe em meu rosto as aparências de um sentimento que não esteja em meu coração.


domingo, 14 de junho de 2009

Rastros

Fiquei pensando sobre essa expressão, lixo emocional, realmente ela cabe bem no que eu chamo de resíduos de relacionamentos passados. Aquelas coisinhas vividas que não se vão junto com as pessoas que as causaram. E assim, vão se acumulando, relacionamento a relacionamento, caso a caso, se solidificando, criando raízes... Entramos em um relacionamento com bagagem, e por mais que queiramos entrar sem nada, não tem como. Fazem parte da nossa vivência, da nossa carga de sentimentos experimentados, vividos e revividos. Quem dera se a gente esvaziasse o bagageiro e começasse literalmente do zero. Com o carro leve, cheio de vigor e potencia pra percorrer essa auto-estrada que é um relacionamento novo. Fazemos o possível e o impossível para dar certo, e por tão pouco, perdemos a chance de realmente dar. Mas não tem muito jeito, a gente pode esvaziar um pouco, acomodar daqui e dali. Mas certas coisas ficam e prejudicam o desempenho. Fazem-nos ter mais receios, agir com cautela, ou com a falta dela. O desejo de ter alguém especial aumenta e a urgência emocional nos faz querer as coisas pra ontem. Queremos ler e ser lidos nas entrelinhas sem saber ao menos que língua falamos em comum. Projetamos medos que já nem sabemos de quê... E assim percebemos como o lixo emocional, o passado, tem influência nas nossas atitudes, no nosso pensar com relação ao novo. Quero ficar livre dos conceitos, dos pré conceitos. Quero que o meu lixo emocional exista sim, pois não sou mais nenhuma criança aprendendo a amar, mas quero que ele seja leve, sábio e desprovido de maiores danos. Hoje estou aqui, pensando nas pessoas que passaram, as que ficaram por um tempo, as que passaram como um vendaval bagunçando tudo, as que apenas deram um alô e saíram à francesa, as que não se vão nem por reza brava. Cada uma com suas características, cada uma com sua colaboração para minha felicidade ou para a inexistência dela, mas sempre praticando a arte de deixar rastros...