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O relógio marcava 05h37min, ela acordou com frio ouvindo o barulho da chuva forte que caia. Certa de que voltar a deitar seria a mesma coisa que perder tempo rolando na cama, mentalmente ela não se considerava cansada, fisicamente também não, mas seu corpo essa manhã despertou diferente, será o medo de ficar sozinha em casa ouvindo um dilúvio do lado de fora, ou será um momento reflexivo, daqueles que nada se faz nada se quer só se constata...
Manhã chuvosa, céu cinza, a lagoa barrenta contradiz a lucidez, a confiança, e a clareza do que ela pensa sobre quem é digno apenas de sua insignificância. Sensação de que alguém atou suas mãos, colou uma fita isolante em sua boca, tornando um estrago mais irreversível do que ela própria pudesse imaginar. O temporal continua e ela apenas observa, sabe exatamente os lugares que não quer mais andar, porque já viu o que acontece numa situação extrema.
Manhã chuvosa, céu cinza, a lagoa barrenta contradiz a lucidez, a confiança, e a clareza do que ela pensa sobre quem é digno apenas de sua insignificância. Sensação de que alguém atou suas mãos, colou uma fita isolante em sua boca, tornando um estrago mais irreversível do que ela própria pudesse imaginar. O temporal continua e ela apenas observa, sabe exatamente os lugares que não quer mais andar, porque já viu o que acontece numa situação extrema.
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Atípico é o sentimento de aversão nessa manhã, ela não guarda rancor por opção de felicidade, mas há dentro dela um desgosto que se mantêm forte como uma barreira de proteção, sinalizando que as mesmas águas não entraram, mesmo que esse sentimento passe com a chuva, aos poucos, de leve. Chuvas intensas sempre passam, mas também deixam marcas, semelhante à angústia de uma fita na boca a impedindo de falar, das mãos atadas sem poder agir, e do coração quando quis somente demonstrar um sentimento raro de sentir. Agora ela olha da janela e vê a correnteza, a lagoa barrenta, o desejo de falar, de ver, de não perder, vai passando surpreendentemente, assim como a chuva e tudo na vida, simplesmente passando...
A sensibilidade de ouvir o barulho da chuva, o canto dos pássaros, ou quem quer que seja, é uma questão de caráter, sem necessariamente anular o próprio ponto de vista, por isso ela vai sentindo na pele os pingos, sentada na janela lavando a alma com água da chuva. Ela sabe que é preciso ter capacidade de tentar entender um mundo paralelo ao seu, sem abolir qualquer possibilidade de saber o que o outro pensa, na chuva, no caos, na merda.
Ela aprendeu que mais do que o direito a falar, muitas vezes temos o direito de calar. Ou melhor, o dever de não dizer toda a nossa verdade. Guardar para nós aquilo que sabemos e ir dizendo à medida que o outro dá sinais de que é capaz de ouvir, saber OUVIR é um exercício de sabedoria e maturidade. Os sinais a essa altura da tempestade não fazem mais sentido, agora não adianta tirar a fita da boca dela, desatar as mãos ou suplicar por palavras não ditas.
A chuva parou, os primeiros raios de sol entram pela janela, e ela, aquecida, convicta de que nada será capaz de faze – lá voltar, nenhuma aproximação, nenhum gesto, nada! Pode dilacerar qualquer coisa que restou dela, mas faz sem dó nem piedade. Porque a chuva fez questão de levar tudo, e não deixar dúvida, a fez rever, não julgar pela primeira impressão e muito menos tirar conclusões precipitadas, mas já se passaram tantos dias, mesmo sem a fita na boca a voz dela será impossível de ouvir, ela não quer mais falar NADA. Pode crer, a 'nossa chuva' de verão abriu as portas para o SOL brilhar.
A sensibilidade de ouvir o barulho da chuva, o canto dos pássaros, ou quem quer que seja, é uma questão de caráter, sem necessariamente anular o próprio ponto de vista, por isso ela vai sentindo na pele os pingos, sentada na janela lavando a alma com água da chuva. Ela sabe que é preciso ter capacidade de tentar entender um mundo paralelo ao seu, sem abolir qualquer possibilidade de saber o que o outro pensa, na chuva, no caos, na merda.
Ela aprendeu que mais do que o direito a falar, muitas vezes temos o direito de calar. Ou melhor, o dever de não dizer toda a nossa verdade. Guardar para nós aquilo que sabemos e ir dizendo à medida que o outro dá sinais de que é capaz de ouvir, saber OUVIR é um exercício de sabedoria e maturidade. Os sinais a essa altura da tempestade não fazem mais sentido, agora não adianta tirar a fita da boca dela, desatar as mãos ou suplicar por palavras não ditas.
A chuva parou, os primeiros raios de sol entram pela janela, e ela, aquecida, convicta de que nada será capaz de faze – lá voltar, nenhuma aproximação, nenhum gesto, nada! Pode dilacerar qualquer coisa que restou dela, mas faz sem dó nem piedade. Porque a chuva fez questão de levar tudo, e não deixar dúvida, a fez rever, não julgar pela primeira impressão e muito menos tirar conclusões precipitadas, mas já se passaram tantos dias, mesmo sem a fita na boca a voz dela será impossível de ouvir, ela não quer mais falar NADA. Pode crer, a 'nossa chuva' de verão abriu as portas para o SOL brilhar.
2 comentários:
"Soh guarde o que foi bom no seu coracao, o amor eh como o sol, sabe como renascer"
S.E.M.P.R.E
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