quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Entrego-me


Só irei escrever quando for de dentro pra fora, é uma questão de honestidade básica. Entre o simples ato de escrever e minha condição de escrever existe uma diferença considerável, o primeiro é normalíssimo geralmente simples e conciso, são aparentemente parecidos, mas o segundo é distinto. É uma entrega que dói, requer no mínimo coragem é um misto de solidão assustadora com um sentimento de glória interior, é tirar sangue com as próprias unhas, não importa que a princípio seja apenas uma espécie de auto-exorcismo, mas tem que sangrar abundantemente, doa a quem doer em mim ou em você. Escrever é a única coisa que me salva de todas as outras coisas, não tenho medo nenhum de nenhuma emoção ou fantasia minha e só depois de escrever, docemente ou amargamente eu respiro aliviada feliz ou em lágrimas e ainda que não sirva de nada, pra mim é contemplar é suavizar a minha alma. Às vezes penso que quando escrevo sou apenas um canal transmissor digamos assim entre duas coisas totalmente alheias a mim, um canal transmissor com certo poder ou capacidade seletiva, não, não é nada disso. Durmo pelo menos uma noite e depois releio minhas palavras muitas vezes ácidas, porque sempre posso estar enganada e os meus olhos de agora serem incapazes de enxergar certas coisas intocadas. Minha solidão é principalmente sadia quando externo minha fantasia que tanto quer ser realizada; entrego-me e pago o preço do pato que freqüentemente é muito caro. Remexo na memória, na infância nos sonhos, nas tensões, nos fracassos, nas mágoas nos delírios mais alucinados, nas esperanças mais descabidas, nas fantasias mais desgalopadas, nas vontades mais homicidas, no mais aparentemente inconfessável, nas culpas mais terríveis, nos lirismos mais idiotas, na confusão mais generalizada, no fundo do poço sem fundo do inconsciente, e lá encontro o que há de mais profundo em mim, mas não é suficiente e não me convence, sobre tudo penso: não se angustie procurando... Então eu busco no fundo do meu coração palavras sensatas para tal ocasião e escrevo seguindo apenas a minha intuição, se não for interno eu prefiro silenciar e nunca nada confessar. Escrever talvez seja meu alimento e alimento-me fartamente, pode ser minha terapia, uma análise minuciosa do meu tudo, meu nada ou até mesmo do meu dia. Mas que nada não desejo que me entendas, não preciso ser compreendida, decifrada ou rotulada, e não espero que ninguém faça nada por mim, nem mesmo uma carta simplificada, a menos que seja totalmente sentida cada uma de suas palavras, caso contrário meu amigo, não desperdice comigo a sua lábia. Não escrevo simplesmente por escrever, é algo mais, isso me distrai de qualquer obsessão me acalma e me pausa diante da pior agitação e o meu coração eu simplesmente entrego sem nenhuma avaliação...

2 comentários:

Marcos Magarinos disse...

Amanda
Amada
Amante
Amando
Amiga
Admirando
Amanda
Admirada
Amizade
Apreciada
Amanda
ESPECIAL

Marcos M Torres
Feito exclusivamente pra você, espero que goste. Sim é meio maluco, mas fiz só pra você.
BEIJÃO

Anônimo disse...

Lindo texto, eh bom entrar por vc e se perder.

Um beijo